domingo, 7 de junho de 2009
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Cinema
Tantas encenações para melhor atriz, melhor ator...
Sobretudo há aqueles que querem que tudo seja expressão do seu desejo.
Como se a vida, para cada cena cotidiana, precisasse de um roteiro determinado, idealizado por algum diretor.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
O Ying e o Yang
Podemos dizer que o homem Ocidental vive preso ao imediato. À medida que o homem mais desconhece a razão de ser de sua vida, tanto mais ele se agarra às pequeninas coisas do cotidiano. Tanto menos ele conhece o sentido de sua vida, mais é tomado de uma angústia e paixão, que deixam a impressão de uma pressa de chegar sem que ele saiba aonde.
O mundo ocidental inventou um modelo prometeico de dominação, de conquista da natureza, que afasta qualquer idéia de sabedoria. O problema de vida e da morte foi ocultado por esta agitação em que fomos envolvidos.
Nunca se estudou tanto, e mesmo assim o homem ocidental perdeu o senso de como encaminhar sua vida sabiamente. Por uma mentalidade pragmatista, utilitarista, ativista se empolgou tanto com o fazer, que se esqueceu do por que fazer - se preocupou tanto com o ter, que se esqueceu do ser - deixo-se envolver tanto pela necessidade de produção, que perdeu o senso de perfeição.
Nossas vidas são agora dominadas por uma deusa, a Razão, que é a nossa ilusão maior e mais trágica. É com a ajuda dela que acreditamos ter “conquistado a natureza”. O desenvolvimento técnico-científico nos deu uma sensação imensa de liberdade, somada a nosso crescente individualismo. Construímos, assim, asas como Ícaro, que voa deslumbrado inconseqüentemente até se precipitar no vazio. O vazio da solidão, da insatisfação, da atomização, das dorgas, do álcool, de uma busca incessante que não leva a lugar algum... Tudo isso somado a uma vasta coleção de neuroses.
Encontramo-nos numa época de transição e de tomada de consciência de uma falta. Daí decorre uma necessidade de Oriente, que resulta do vazio de nossas vidas de Ocidente. Esta necessidade foi estimulada pela descoberta que nosso individualismo está longe de nos trazer paz interior. O individualismo possui uma face iluminada e clara: a das liberdades, autonomias e responsabilidades. Mas possui também uma face sombria, cuja sombra amplia-se entre nós: a atomização, a solidão, a angústia. Daí o recurso ao Oriente do budismo, do zen, dos gurus, mantras, incensos, filosofias orientais, Yoga, etc. Talvez essa seja nossa reação contra a dissociação do nosso ser, a busca da parte ausente, do contemplativo; que se dirige ao engrandecimento do nosso próprio ser.
Recorrendo as praticas orientais, por vezes elas mesmas ocidentalizadas, o que acabamos finalmente por aprender através delas? Um certo distanciamento em relação a si mesmo, que é o famoso “largar de mão”, um esforço para se desvencilhar do que compulsivamente se quer reter em mãos. É o que acontece com uma meditação que consiste em assumir o vazio ou o silêncio em si.
Essas culturas tem a certeza da reencarnação, da vivência em muitos corpos na busca da superação de si mesmo, o que leva a uma inevitável valorização de construções “pétreas” do espírito, aquisições para sempre, a valorização do auto-conhecimento, a idéia que se assemelha ao “Paradigma Holográfico” da nossa filosofia, que sabe que o todo está contido no uno e o uno no todo. Ou, quanto mais conhecer-te a ti mesmo, mais conhecerás o todo, e vice-versa.
Na índia temos a origem de muitas religiões como o Budismo, o Jainismo e o Hinduísmo. Podem ser centradas sobre uma variedade de práticas que são vistas como meios de ajudar o indivíduo a experimentar a divindade que está em todas as partes, e realizar a verdadeira natureza de seu Ser, como os hinduístas. Do pensamento de renúncia, o pensamento de não má vontade, o pensamento de não crueldade, compreensão da origem do sofrimento, compreensão do caminho da prática que conduz à cessação do sofrimento, como para os budistas, etc.
Ou então, da necessidade de escapar a esse ciclo infernal de sofrimentos, a fim de se atingir um nada que, ao mesmo tempo, significa plenitude: o nirvana. Ou sair do ciclo de karmas sucessivos – o Samsara (perambulação) – por nosso próprio esforço de elevação espiritual e esforço por nossos semelhantes, pois estamos presos a eles por nossos próprios erros e temos que voltar para corrigi-los. E, enquanto não estivermos livres de todos nossos erros, continuaremos presos ao Samsara através do Karma. Como disse Rinpoche:
“Quando alguns grandes mestres do passado refletiram sobre a preciosidade da existência humana, eles nem mesmo tinham vontade de dormir; não suportavam desperdiçar um único instante. Eles colocavam toda sua energia na prática espiritual”.
A religião dos Hindus é a busca inata pelo divino dentro do Ser, a busca por encontrar a Verdade que nunca foi perdida de fato. Certamente nós, ocidentais, temos muito a aprender com a filosofia, cultura e religião oriental. Talvez esse seja o complemento do nosso ser, o lastro que nos falta nos embates da vida cotidiana, como o equilíbrio entre o Ying e o Yang.
Se por todo nosso cientificismo e racionalização quisermos colocar a crença em uma divindade criadora – seja qual nome se dê a ela - no terreno da crendice ingênua, o físico nuclear indiano Amit Goswami está a um passo de comprovar pela Física Quântica que a consciência cósmica age na realidade através de nossa consciência. Como ele mesmo diz sobre o que lhe foi revelado em um sonho: “Seu papel é comprovar que o livro tibetano dos mortos estava certo”. Mas, isso é assunto pra outra conversa...
Reflitamos então sobre a pergunta que um monge fez ao seu Mestre: "Como posso sair da Samsara (a Roda de renascimentos e mortes)?" O Mestre respondeu: "Quem te colocou nela?".