domingo, 7 de junho de 2009

Em 1982 ocorreu algo muito importante na Universidade de Paris. Uma equipe de pesquisa liderada pelo físico Alain Aspect descobriu que sob certas circunstâncias, partículas subatômicas como os elétrons são capazes de instantaneamente se comunicar uns com os outros não importando a distância entre eles. Podem ser 5 metros ou 5 bilhões de metros. De alguma forma uma partícula sempre sabe o que a outra está fazendo. E o que tem a ver com que essa coisa tola?
“Deus escolheu as coisas tolas desse mundo para confundir os sábios – porque a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos homens...”.A conclusão que se pode tirar dessa experiência é que, se até mesmo partículas sub-atômicas estão de alguma forma interligadas, todos nós estamos interligados. Não importa a distância. As religiões orientais tinham razão: o todo está no uno, e o uno no todo. Somos feitos de átomos não? Pense...
Essa é a grande mensagem que a Física Quântica nos traz nesse início de milênio: de certa forma, somos todos um: “Os elétrons num átomo de carbono no cérebro humano estão interconectados com as partículas subatômicas que compreendem cada salmão que nada, cada coração que bate, e cada estrela que brilha no céu”.
Nenhum organismo evolui sozinho. A existência só adquire sentido dentro da nossa participação num organismo maior que seja chama Humanidade. Só nos reconhecemos através do olhar do outro, pois os amigos não valem tanto pelo que no dão, mas pelo que revelam de nós mesmos. Então, meu amigo minha amiga, se você tem aquela calça, aquele vestido de 1989 dormitando no fundo do roupeiro; aquela blusa “buniiita” que você ganhou da avó quase entrando em osmose com a naftalina; se seu irmãozinho cresceu em progressão geométrica e agora está vestindo um tamanho maior que o seu; se há cinco anos você luta contra as formas roliças de madona medieval, mas ainda alimenta a esperança de usar aquela calça que você vestia ao 15; se você tem aquele casaco do pai que tem vergonha de usar até pra ir no Beco... Saiba que há pessoas que não estão preocupadas em desfilar esse look vintage démodé, porque elas simplesmente não tem o que vestir.
Para doacoes, contate comigo.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cinema


Todos querem ser astros em filmes épicos, quando, no mais das vezes, são coadjuvantes na vida de outros.

Tantas encenações para melhor atriz, melhor ator...

Sobretudo há aqueles que querem que tudo seja expressão do seu desejo.

Como se a vida, para cada cena cotidiana, precisasse de um roteiro determinado, idealizado por algum diretor.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O Ying e o Yang




Talvez o drama por excelência do homem Ocidental contemporâneo esteja retratado no Fausto de Goethe, no qual vemos o Dr. Fausto, movido pela ambição de possuir todos os bens do mundo, entregar a própria alma ao Diabo. O trágico da ambição que se transforma em valor absoluto está exatamente nisso: a ambição se satisfaz com a pura ambição, em lugar de levar a criatura a possuir, leva-a a ser possuída; ela não domina as coisas, mas é dominada por elas.

Podemos dizer que o homem Ocidental vive preso ao imediato. À medida que o homem mais desconhece a razão de ser de sua vida, tanto mais ele se agarra às pequeninas coisas do cotidiano. Tanto menos ele conhece o sentido de sua vida, mais é tomado de uma angústia e paixão, que deixam a impressão de uma pressa de chegar sem que ele saiba aonde.

O mundo ocidental inventou um modelo prometeico de dominação, de conquista da natureza, que afasta qualquer idéia de sabedoria. O problema de vida e da morte foi ocultado por esta agitação em que fomos envolvidos.

Nunca se estudou tanto, e mesmo assim o homem ocidental perdeu o senso de como encaminhar sua vida sabiamente. Por uma mentalidade pragmatista, utilitarista, ativista se empolgou tanto com o fazer, que se esqueceu do por que fazer - se preocupou tanto com o ter, que se esqueceu do ser - deixo-se envolver tanto pela necessidade de produção, que perdeu o senso de perfeição.

Nossas vidas são agora dominadas por uma deusa, a Razão, que é a nossa ilusão maior e mais trágica. É com a ajuda dela que acreditamos ter “conquistado a natureza”. O desenvolvimento técnico-científico nos deu uma sensação imensa de liberdade, somada a nosso crescente individualismo. Construímos, assim, asas como Ícaro, que voa deslumbrado inconseqüentemente até se precipitar no vazio. O vazio da solidão, da insatisfação, da atomização, das dorgas, do álcool, de uma busca incessante que não leva a lugar algum... Tudo isso somado a uma vasta coleção de neuroses.

Encontramo-nos numa época de transição e de tomada de consciência de uma falta. Daí decorre uma necessidade de Oriente, que resulta do vazio de nossas vidas de Ocidente. Esta necessidade foi estimulada pela descoberta que nosso individualismo está longe de nos trazer paz interior. O individualismo possui uma face iluminada e clara: a das liberdades, autonomias e responsabilidades. Mas possui também uma face sombria, cuja sombra amplia-se entre nós: a atomização, a solidão, a angústia. Daí o recurso ao Oriente do budismo, do zen, dos gurus, mantras, incensos, filosofias orientais, Yoga, etc. Talvez essa seja nossa reação contra a dissociação do nosso ser, a busca da parte ausente, do contemplativo; que se dirige ao engrandecimento do nosso próprio ser.


Recorrendo as praticas orientais, por vezes elas mesmas ocidentalizadas, o que acabamos finalmente por aprender através delas? Um certo distanciamento em relação a si mesmo, que é o famoso “largar de mão”, um esforço para se desvencilhar do que compulsivamente se quer reter em mãos. É o que acontece com uma meditação que consiste em assumir o vazio ou o silêncio em si.


Essas culturas tem a certeza da reencarnação, da vivência em muitos corpos na busca da superação de si mesmo, o que leva a uma inevitável valorização de construções “pétreas” do espírito, aquisições para sempre, a valorização do auto-conhecimento, a idéia que se assemelha ao “Paradigma Holográfico” da nossa filosofia, que sabe que o todo está contido no uno e o uno no todo. Ou, quanto mais conhecer-te a ti mesmo, mais conhecerás o todo, e vice-versa.

Na índia temos a origem de muitas religiões como o Budismo, o Jainismo e o Hinduísmo. Podem ser centradas sobre uma variedade de práticas que são vistas como meios de ajudar o indivíduo a experimentar a divindade que está em todas as partes, e realizar a verdadeira natureza de seu Ser, como os hinduístas. Do pensamento de renúncia, o pensamento de não má vontade, o pensamento de não crueldade, compreensão da origem do sofrimento, compreensão do caminho da prática que conduz à cessação do sofrimento, como para os budistas, etc.

Ou então, da necessidade de escapar a esse ciclo infernal de sofrimentos, a fim de se atingir um nada que, ao mesmo tempo, significa plenitude: o nirvana. Ou sair do ciclo de karmas sucessivos – o Samsara (perambulação) – por nosso próprio esforço de elevação espiritual e esforço por nossos semelhantes, pois estamos presos a eles por nossos próprios erros e temos que voltar para corrigi-los. E, enquanto não estivermos livres de todos nossos erros, continuaremos presos ao Samsara através do Karma. Como disse Rinpoche:

“Quando alguns grandes mestres do passado refletiram sobre a preciosidade da existência humana, eles nem mesmo tinham vontade de dormir; não suportavam desperdiçar um único instante. Eles colocavam toda sua energia na prática espiritual”.

A religião dos Hindus é a busca inata pelo divino dentro do Ser, a busca por encontrar a Verdade que nunca foi perdida de fato. Certamente nós, ocidentais, temos muito a aprender com a filosofia, cultura e religião oriental. Talvez esse seja o complemento do nosso ser, o lastro que nos falta nos embates da vida cotidiana, como o equilíbrio entre o Ying e o Yang.

Se por todo nosso cientificismo e racionalização quisermos colocar a crença em uma divindade criadora – seja qual nome se dê a ela - no terreno da crendice ingênua, o físico nuclear indiano Amit Goswami está a um passo de comprovar pela Física Quântica que a consciência cósmica age na realidade através de nossa consciência. Como ele mesmo diz sobre o que lhe foi revelado em um sonho: “Seu papel é comprovar que o livro tibetano dos mortos estava certo”. Mas, isso é assunto pra outra conversa...

Reflitamos então sobre a pergunta que um monge fez ao seu Mestre: "Como posso sair da Samsara (a Roda de renascimentos e mortes)?" O Mestre respondeu: "Quem te colocou nela?".