Fechei a porta a inspiração fácil, açucarada.
Aguinha doce a beija-flores.
Apertei o passo, peso, sisudo, dispenso codinomes.
Bruto, enfileiro blocos de pedra.
Mãos grossas - rachadas - sulcos, cimento e Eras.
Talvez, todo escritor tenha seus estados:
da ufania romântico-colorida, passando pela ardência do sol sujo do dia-a-dia,
à auto-comiseração dos descornados.
Ou, quem sabe, escrita seja só alivio, descarrego.
Uma punheta semântico-lexical.
Insensível?
Penso que ser sensível não é rimar "amor com calor...".
"Oh!! O vermelho do teu batom..."
"Flor do meu jardim..."
"Flor do meu jardim..."
[nota mental: eu não poderia descrever a cor dos teu lábios, levianamente,
quando escreves tua boca em mim.]
Ser sensível não é "colocar perfume na flor...".
Coisinha irresponsável, sem vergonha, jogar ao mundo, prematuramente, à kilo,
o que é quase indizível.
Não sou afeito a imposições, mas chego a flertar, às vezes, de soslaio,
métodos de controle da natalidade.
Como podem, assim, no primeiro prazer fugaz, já cuspirem seus partos,
indigentes, prematuros, sujos, mendigando pela cidade?
Sei, sei... Falar de amor é tão normal...
Eu, tenho vergonha.
Os puxo de volta, antropofágicamente, ao ventre, até que não haja nenhum resíduo umbilical.
Os puxo de volta, antropofágicamente, ao ventre, até que não haja nenhum resíduo umbilical.
Um comentário:
Mazá, brincando com as palavras! Mto bom!
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