sexta-feira, 14 de setembro de 2007


Ele era aquele que adorava tomar banho de chuva. Escolher os bombons a dedo na caixinha, separar as balinhas vermelhas (sim, sim, ele era o único que não gostava das vermelhas!), comer leite em pó de colher, brincar a tarde inteira. Aquele que ficava horas olhando para as estrelas, sem saber exatamente por quê, apenas porque era divertido... Caçar caga-lumes, nossa era o máximo! Não podia haver mais metafísica do que a luz que saia do traseiro daquele bichinho, coisa fantástica, inexplicável, mágica! Os adultos só podiam ser cegos em não verem aquilo... Era aquele que fazia coisas idiotas, só pra chamar a atenção, ser notado. Aquele que fazia vários planos mirabolantes de como iria conversar com aquela menina, e que na hora nunca conseguia, não saía nada, aquele frio na barriga era terrível! Ah sim, as meninas, quando gostava de alguma sempre achava que seria pra sempre, como se fosse... Era aquele que nunca entendia porque os adultos brigavam tanto, e faziam tantas coisas idiotas. Mas, mesmo assim, sempre tinham verdades para tudo... Achava bobagem eles trabalharem tanto e se divertirem tão pouco. E o pior, quando tinham tempo, não sabiam o que fazer com ele... Ele não queria ser adulto. Sim, sim, era aquele que ia pras festinhas e tinha vergonha de dançar. Ele não sabia dançar ora bolas! Não que não pudesse enganar um pouco, mas também achava aquelas dancinhas coisa muita embaraçosa. Mas, os planos mirabolantes continuam... E hoje, ele se deu conta de que os adultos são realmente idiotas. E pior, idiotas que aprenderam a dissimular muito bem. Que ainda brigam por qualquer coisa idiota. Mas, mesmo assim, ainda tem verdades para tudo: trabalhar, comprar, gastar, empurrar as dívidas... Ainda não vêem como é divertido deitar no chão e olhar as estrelas. Claro, para eles isso soa como algo meio bobo, idiota... Mas eu digo que bobo mesmo é trabalhar seis dias e na sua folga assistir novela! Faustão! Show do Milhão! O que você faz com o tempo que acha que é realmente seu? De repente, a gente se dá conta.... Não se reconhece mais... Se torna um estranho pra si mesmo... Fica cego...

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