Na Idade Média utilizava-se a expressão “O Nome da Rosa” para se demonstrar o poder das palavras. Ângelus Silésius certa vez escreveu: “a rosa não tem porquês, ela floresce porque floresce”. Me permito discordar do nobre pensador e refletir sobre as palavras.Não somente a rosa, mas todas as flores tem seus motivos.
A beleza não se expressa somente na alegria e felicidade, também na dor, tristeza... Então, quando a Terra chora, paisagem desolada do árido deserto ao charco abandonado ao pé do céu jogando ao inserto, de sua tristeza brotam escritos. Pequeninos círculos empetelados onde, depois da chuva, do cheiro de terra, um poema de Gaia é enviado aos pseudo-literatos terrestres. Guarda-sol à joaninhas, que em relação simbiótica movimentam a vida invisível aos olhares endurecidos e sem fibras óticas da geração Prozac.
Vem à tona também as ervas, o mato. Se tudo fossem flores não mais as sentiríamos. É preciso que haja prosa para que floresça a poesia. Assim, atravessando imensas camadas subterrâneas, magmas incandescentes, até a transpor a barreira subcutânea, uma pequena flor desafia paralelepípedos.
Avisem os navegantes!
Que parem os transeuntes, os caminhões carregados, aviões e os tanques, os casais de namorados, o esnobe endinheirado, nos motéis os amantes; o cachorro cagando, o bêbado mijando, a dondoca juntando a bosta do bicho; o velho jogando, o entediado andando e o mendigo com fome catando resto no lixo; o otimista sonhando, o suicida chorando, o caipira puxando peixe em ponta de caniço; o político roubando, o juíz apitando e o empresário de filho sequestrado fumando e pensando no inaceitável sumiço.
A Terra escreveu uma flor...
Cadê a tristeza?
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