quarta-feira, 10 de março de 2010

ATARAXIA

Para além da dilatação do Eu,

Pletora de vocábulos apolíneos,

Coxeia diletante aporia.

Caminho inexpugnável,

Deserto interminável.

Dislexia.


Patologia com os vocábulos exatos de atestado.

Regurgitar palavras mortas em necropsia?

Sórdidos cultuadores da insipidez insípida.

Amantes da necrofilia.


Pois chegará! Chegará o dia em que só

faremos amor com palavras vivas.


Mônadas desregradas,

Tagarelando sobre a morte.


Ataraxia.


17 comentários:

Juliana Ben disse...

Sou obrigada a confessar que não conheço várias dessas palavras, mas gostei muito de "chegará o dia em que só faremos amor com palavras vivas".

Juliana Ben disse...

Que tal um poema a quatro mãos?
Primeiro verso:

O dia de dentro chegava pulsante.

Eduardo Marques disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo Marques disse...

Sabe Ju, que essa é também uma das intenções dessa poesia, que ela só é plenamente inteligível conhecendo-se essas palavras.

Ela obriga (ou não hehehehe) o leitor a ter que ir atrás, pesquisar, encaixar, compreender...

Esse lance de "palavras vivas" pesquei do Rubem Alves, numa historieta que fala sobre como gramáticos e escritores são opostos, irreconciliàveis, e até inimigos.

Literatura se faz com "palavras vivas", gramática se faz com "palavras mortas".

Esse é o artigo do Rubem:

http://www.ofaj.com.br/textos_conteudo.php?cod=24

Acho ótimo esse lance de produção conjunta, logo sigo o barco!

Eduardo Marques disse...

O dia de dentro chegava pulsante.

Estrela-alma da noite ainda impregnada de sono.

Juliana Ben disse...

O dia de dentro chegava pulsante.

Estrela-alma da noite ainda impregnada de sono.

Caminho de rio que se quer estar longe.

Juliana Ben disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo Marques disse...

Estrela-alma da noite, ainda impregnada de sono.

O dia de dentro chegava pulsante.

Caminho de rio que se quer estar longe.

Transbordo.


Enxame de gotículas-mãos dadas com o mundo.

Juliana Ben disse...

Estrela-alma da noite, ainda impregnada de sono.

O dia de dentro chegava pulsante.

Caminho de rio que se quer estar longe.

Transbordo.


Enxame de gotículas-mãos dadas com o mundo.

Acordes espaçados ao vento verde.

Reflexo.

Eduardo Marques disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eduardo Marques disse...

Estrela-alma da noite, ainda impregnada de sono.

O dia de dentro chegava pulsante.

Caminho de rio que se quer estar longe.

Transbordo.


Gotículas-mãos dadas com o mundo:

Enxame.

Acordes espaçados ao vento verde.

Vocábulos esvoaçados pelo tempo, sede, vós:

Reflexo.

Juliana Ben disse...

REFLEXO

Estrela-alma da noite, ainda impregnada de sono.

O dia de dentro chegava pulsante.

Caminho de rio que se quer estar longe.

Transbordo.


Gotículas-mãos dadas com o mundo:

Enxame.

Acordes espaçados ao vento verde.

Vocábulos esvoaçados pelo tempo, sede, vós:

Nós.

Juliana Ben disse...

O que te parece? Finalizado?

Juliana Ben disse...

Gostei.

Eduardo Marques disse...

REFLEXO


Estrela-alma da noite, ainda impregnada de sono:

O dia de dentro chegava pulsante.

Caminho de rio que se quer estar longe.

Transbordo,

Gotículas-mãos dadas com o mundo:

Enxame.

Acordes espaçados ao vento verde.

Vocábulos esvoaçados pelo tempo, sede, vós:

Reflexo.

Nós.

Eduardo Marques disse...

Gostei, gostei :)


Gosto de coisas com sentidos "escorregadios"...

Não sei se tu notou as possíveis variações de sentido de "sede" (pode ser cnjugação de ser, ou sede de beber), de "vós" (que pode ser voz... eu até pensei em deixar sem acento, pra deixar mais claro, mas achei que ficava mto feio hehehehe)

E, o "vento verde", não sei se foi intencional, mas o verde é a cor da "esperança", ou da "fertilidade", "abundância", em alguma culturas.

Mas, "é melhor confundir do que explicar, como diz o Tom Zé".

Sinta-se à vontade pra mexer no que quiser, se quiser. Por mim, está finalizado também.

Juliana Ben disse...

Achei lindo. Do jeito que ficou.