Aquele lugar... Onde moram todos os sonhos irrealizados. Aquele casarão onde a imaginação é real, e onde o real é métafora em algum momento perdido... Onde não há escadas que se desfazem aos pés, onde não há olhares de reprovação, dedos inquisitores apontando em sua direção... Em volta do moinho do tempo eternas crianças, sem culpas e sem pecados, cantam alegres no caminho. Onde tudo que foi desfeito, tudo que não realizamos, o incompleto... se torna real. Os banhos de chuva que não tomamos, as vezes que não saímos porque fez mau tempo, as flores que não mandamos por medo de reprovação, aquele beijo (violento depois de uma discussão) que não aconteceu, a última mulher a ser amada que não veio, a vida que não tivemos... "um lugar impalpável onde habitam intenções". Intenções e sonhos. Eu o encontrei... Mas na verdade sempre soube onde ele estava. Porque a eterna criança em mim sempre subia ao sotão pra ficar sozinha e brincar com a quinquilharia acumulada dos anos. Os sonhos encaixotados, intenções empoeiradas, paredes com corações e nomes dentro, juras de amor eterno, avatares perdidos no tempo... Achei esse lugar, mas nem sempre posso ir até lá. Só quando fujo do mundo adulto por debaixo das mesas do cotidiano e subo as escadas... E sorrio porque vejo que você está lá também, e brinca comigo... Em algum momento perdido nos divertimos com o caleidoscópio da vida rotineira. Vemos o mundo real como crianças na sua traquinagem ingênua... pelas frestas...
À Tinker bell...
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